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Padrões Repetitivos em Relacionamentos: Como Quebrá-los.

Graziela Vasconcelos

2/15/20254 min ler

Você já se perguntou por que algumas pessoas passam a vida reproduzindo padrões disfuncionais em seus relacionamento ao longo do tempo? Por que isso acontece? Como é possível quebrar esses ciclos e construir relações mais saudáveis? Hoje, exploraremos os padrões repetitivos nos relacionamentos, suas origens e as estratégias psicológicas para transformá-los.

O que são padrões repetitivos nos relacionamentos?

Padrões repetitivos são comportamentos, dinâmicas e escolhas que uma pessoa tende a reproduzir de maneira inconsciente em seus relacionamentos. Eles podem se manifestar de diversas formas, como a atração por parceiros emocionalmente indisponíveis, a repetição de relações abusivas ou a dificuldade de estabelecer vínculos saudáveis.

De acordo com Bowlby (1969), a teoria do apego sugere que padrões de relacionamento são influenciados pelas experiências da infância com os cuidadores. Se uma pessoa cresceu em um ambiente de insegurança emocional ou negligência, é mais provável que reproduza padrões de apego ansioso ou evitativo em seus relacionamentos adultos.

Por que repetimos padrões disfuncionais?

A repetição desses padrões pode estar ligada a diversos fatores psicológicos:

1. Modelos internos de relação

Segundo John Bowlby (1988), criamos modelos internos de relacionamento com base nas nossas primeiras experiências de apego. Se crescemos em um ambiente onde o amor era condicional, podemos buscar parceiros que reforcem essa narrativa, perpetuando relações baseadas na validação e no medo da rejeição.

2. Comportamentos aprendidos na infância

A psicóloga Judith Herman (1992) sugere que pessoas que sofreram traumas ou negligência emocional na infância tendem a repetir padrões familiares, pois esses cenários são "conhecidos" e, paradoxalmente, oferecem uma sensação de previsibilidade.

3. Roteiros inconscientes e crenças limitantes

A psicanalista Nancy McWilliams (2011) aponta que, muitas vezes, estamos presos a roteiros inconscientes que nos levam a escolher parceiros que reforcem nossas crenças internas. Se acreditamos que não somos dignos de amor, podemos nos envolver com pessoas que confirmem essa crença, alimentando um ciclo de autossabotagem.

4. Reforço de padrões sociais e culturais

A psicologia social também sugere que somos influenciados por normas culturais e sociais que moldam nossas escolhas. O psicólogo Albert Bandura (1977) explica que aprendemos observando os outros, o que significa que padrões de relacionamento pouco saudáveis podem ser transmitidos entre gerações.

Como quebrar padrões repetitivos em relacionamentos?

Embora esses padrões possam parecer difíceis de mudar, existem estratégias eficazes para rompê-los e construir relações mais saudáveis:

1. Autoconhecimento e reflexão

A terapia psicológica, especialmente abordagens como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a terapia psicodinâmica, pode ajudar a identificar padrões inconscientes. Como Carl Jung (1964) afirmou: "Até que o inconsciente se torne consciente, ele dirigirá sua vida e você o chamará de destino."

Terapias recomendadas:
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) – para mudar padrões de pensamento.
Psicanálise – para entender padrões inconscientes.
Constelação Familiar – para padrões familiares e ancestrais.

2. Identificação de crenças limitantes

Reflita sobre as mensagens internalizadas sobre amor e relações. Pergunte-se: "Quais são as histórias que conto a mim mesmo sobre o amor?" "De onde vieram essas crenças?"

Seu subconsciente pode estar te levando a repetir padrões porque acredita que:
"Relacionamentos precisam ser difíceis."
"Eu preciso lutar para ser amada."
"Sempre vou ser abandonada."

Reprogramação: Comece a reforçar novas crenças como:
"Eu mereço um amor recíproco e saudável."
"O amor não precisa ser sofrimento."
"Eu sou suficiente e posso escolher melhor."

Afirmações diárias ajudam muito a mudar o padrão mental!

3. Reinterpretação da história pessoal

A ressignificação é um passo essencial para quebrar padrões. Trabalhar com um profissional de psicologia pode ajudar a reconstruir narrativas pessoais e modificar padrões de pensamento.

4. Mudança de comportamentos

Experimente fazer escolhas diferentes em relação aos parceiros e à forma como você se comunica. Se você sempre se atrai por pessoas emocionalmente indisponíveis, tente dar espaço a relações com pessoas que demonstrem interesse e reciprocidade.

Mudar um padrão exige ação:

Definir limites claros: Diga “não” para relações que não te fazem bem.
Escolher diferente: Se atrai sempre um tipo de pessoa problemática, tente sair da zona de conforto e se abrir para perfis diferentes.
Prestar atenção nos primeiros sinais: Se a relação já começa com desrespeito, manipulação ou falta de reciprocidade, não ignore!

5. Prática de autocuidado e autoestima

A autoestima desempenha um papel fundamental na quebra de padrões negativos. Segundo Nathaniel Branden (1994), "Autoestima não é apenas gostar de si mesmo, mas acreditar que você merece respeito e amor."

6. Terapia e suporte emocional

A psicoterapia pode ser um espaço valioso para explorar e modificar padrões de relacionamento. Como diz a terapeuta Esther Perel (2017): "Nossos relacionamentos não são apenas sobre amor e conexão, mas também sobre o que aprendemos sobre nós mesmos no processo."

Muitas vezes, repetimos padrões porque estamos buscando no outro algo que falta dentro de nós. Pergunte-se:

O que eu realmente quero?
Estou buscando amor ou fugindo da solidão?
Eu me amo o suficiente para não aceitar menos do que mereço

Dica: Desenvolva sua autoestima, pratique hobbies, saia sozinha e fortaleça sua identidade antes de entrar em outro relacionamento.

Ponto de vista

Quebrar padrões repetitivos em relacionamentos exige consciência, esforço e um compromisso com a própria evolução emocional. Através do autoconhecimento, da terapia e da prática de novas atitudes, é possível criar relações mais saudáveis e satisfatórias.

Não esqueça:

Identifique o padrão repetitivo
Descubra a raiz (crenças, traumas, experiências passadas)
Mude a forma como você enxerga o amor e sua autoestima
Pratique novos comportamentos e estabeleça limites
Evite agir por carência e fortaleça sua individualidade
Busque terapia ou apoio profissional para acelerar o processo

Referências Bibliográficas

  • BOWLBY, John. Attachment and Loss. New York: Basic Books, 1969.

  • BOWLBY, John. A Secure Base: Parent-Child Attachment and Healthy Human Development. New York: Basic Books, 1988.

  • HERMAN, Judith. Trauma and Recovery. New York: Basic Books, 1992.

  • MCWILLIAMS, Nancy. Psychoanalytic Diagnosis. New York: Guilford Press, 2011.

  • BANDURA, Albert. Social Learning Theory. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1977.

  • BRANDEN, Nathaniel. The Six Pillars of Self-Esteem. New York: Bantam, 1994.

  • JUNG, Carl. Man and His Symbols. New York: Dell, 1964.

  • PEREL, Esther. The State of Affairs: Rethinking Infidelity. New York: HarperCollins, 2017.