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5 atitudes para deixar de ser insegura e viver relações mais seguras

5/13/20254 min ler

Quantas vezes você já se pegou sentindo que não é suficiente? Que precisa se esforçar mais, se moldar, agradar, ou até mesmo se calar para manter uma relação? A insegurança nas relações é um sentimento mais comum do que imaginamos — e, embora muito presente, ela não precisa ser uma sentença.

Na verdade, insegurança emocional não nasce do nada. Ela é cultivada, muitas vezes, desde a infância: na forma como fomos cuidadas, ouvidas (ou não ouvidas), elogiadas ou comparadas. Ela também pode surgir de experiências de rejeição, abandono, traições e outras dores que vamos acumulando ao longo da vida.

Mas se por um lado a insegurança é construída, por outro ela também pode ser transformada.

A seguir, compartilho 5 atitudes fundamentais para deixar de lado a insegurança e criar relações mais saudáveis — com os outros e, principalmente, com você mesma.

1. Pare de se comparar o tempo todo

A comparação é o alimento da insegurança. E o problema não está em admirar outras pessoas, mas sim em usar essa admiração como régua para medir seu valor.

Quando olhamos para fora o tempo todo, esquecemos de olhar para dentro. E a verdade é que toda comparação é injusta, porque você está comparando o seu bastidor com o palco dos outros.

A psicóloga Brené Brown, em seu livro A coragem de ser imperfeito, diz que a comparação nos isola e nos faz sentir constantemente em dívida com uma perfeição que não existe. “A comparação é o ladrão da alegria. Ela nos tira a gratidão pelo que temos e quem somos”, afirma.

Reconhecer isso é o primeiro passo para se libertar. Você não precisa ser mais parecida com ninguém. Você precisa ser mais conectada com quem você já é.

2. Fortaleça seu autorelacionamento

Não é possível criar relações seguras se a relação que você tem com você mesma é frágil. A insegurança externa reflete, muitas vezes, uma insegurança interna.

Desenvolver o autorelacionamento é aprender a cuidar de si com gentileza, escutar sua intuição, validar seus sentimentos e construir uma autoestima que não dependa da validação alheia.

A psicanalista Melanie Klein já dizia que a forma como nos relacionamos com os outros está diretamente ligada à forma como internalizamos as relações iniciais, sobretudo com as figuras cuidadoras. Quando essas relações foram marcadas por negligência emocional, críticas constantes ou falta de reconhecimento, tendemos a buscar nos outros aquilo que não recebemos.

Mas é possível ressignificar isso. E o caminho não é se cobrar perfeição, mas acolher suas fragilidades com responsabilidade afetiva. Isso é se amar de verdade.

3. Estabeleça limites claros (e mantenha!)

Pessoas inseguras muitas vezes têm medo de impor limites por receio de serem rejeitadas. Mas a ausência de limites nos leva a um lugar perigoso: a anulação de si mesma.

Quando dizemos “sim” querendo dizer “não”, estamos ensinando ao outro que nossos limites são flexíveis — ou piores: que eles não existem. E isso alimenta relações abusivas, codependentes ou simplesmente desequilibradas.

A psicóloga e pesquisadora Nedra Glover Tawwab, autora do livro Set Boundaries, Find Peace (2021), afirma: “Limites não são muros. São pontes que ajudam as pessoas a entender como se conectar conosco de forma saudável.”

Estabelecer e manter limites é um ato de coragem. E também um ato de amor — não só pelos outros, mas por você mesma.

4. Cuidado com o excesso de controle

O controle muitas vezes é uma resposta disfarçada ao medo. Quando estamos inseguras, tentamos prever, dominar, antecipar tudo — como se isso nos impedisse de sofrer.

Mas o controle é ilusório. E em vez de nos proteger, ele nos isola. Relações saudáveis se constroem com base na confiança, não no controle.

A terapeuta sistêmica Esther Perel, referência em sexualidade e relacionamentos, afirma que o excesso de controle pode sufocar o desejo e a vitalidade de uma relação. “O amor precisa de segurança, mas também de liberdade. E o excesso de controle mata a liberdade que alimenta o amor”, diz ela em seu livro Casos e Casos.

Confiar não é ser ingênua. É escolher não viver em constante estado de alerta. E isso exige coragem e presença.

5. Busque acolhimento, não aprovação

Muita gente insegura vive em busca da aprovação dos outros. Querem ser aceitas, reconhecidas, validadas o tempo todo. Mas essa busca nunca tem fim — porque ela é externa, e por isso mesmo, incontrolável.

O que precisamos, na verdade, é de acolhimento. Acolhimento é aquele espaço seguro onde podemos existir sem máscaras, onde não precisamos performar para sermos queridas.

Carl Rogers, um dos grandes nomes da psicologia humanista, dizia que o maior desejo humano é ser aceito incondicionalmente. E isso começa quando a gente se oferece esse tipo de aceitação.

A aprovação vem e vai. Mas o acolhimento, quando verdadeiro, permanece. Cultive relações em que você possa ser quem é — inclusive nas suas inseguranças.

Insegurança não é fraqueza. É um convite.

Ela nos mostra onde ainda precisamos curar. Onde ainda sentimos medo. Onde ainda buscamos nos encaixar para não perder o amor do outro.

Mas quando acolhemos essa insegurança com consciência, ela vira bússola. Ela nos aponta para dentro, para a construção de um eu mais inteiro, mais firme, mais capaz de se sustentar mesmo quando tudo balança.

E é assim que nascem relações verdadeiramente seguras: não da perfeição, mas da presença.

Para refletir:

“Amor-próprio não é se colocar acima de todos.
É se colocar ao lado de quem você realmente é.”
— Desconhecido

Referências:

  • Brown, Brené. A coragem de ser imperfeito. Sextante, 2016.

  • Tawwab, Nedra Glover. Set Boundaries, Find Peace. TarcherPerigee, 2021.

  • Klein, Melanie. Inveja e gratidão e outros trabalhos. Imago, 1991.

  • Perel, Esther. Casos e Casos. Objetiva, 2018.

  • Rogers, Carl. Tornar-se Pessoa. Martins Fontes, 2009.