5 atitudes para deixar de ser insegura e viver relações mais seguras


Quantas vezes você já se pegou sentindo que não é suficiente? Que precisa se esforçar mais, se moldar, agradar, ou até mesmo se calar para manter uma relação? A insegurança nas relações é um sentimento mais comum do que imaginamos — e, embora muito presente, ela não precisa ser uma sentença.
Na verdade, insegurança emocional não nasce do nada. Ela é cultivada, muitas vezes, desde a infância: na forma como fomos cuidadas, ouvidas (ou não ouvidas), elogiadas ou comparadas. Ela também pode surgir de experiências de rejeição, abandono, traições e outras dores que vamos acumulando ao longo da vida.
Mas se por um lado a insegurança é construída, por outro ela também pode ser transformada.
A seguir, compartilho 5 atitudes fundamentais para deixar de lado a insegurança e criar relações mais saudáveis — com os outros e, principalmente, com você mesma.
1. Pare de se comparar o tempo todo
A comparação é o alimento da insegurança. E o problema não está em admirar outras pessoas, mas sim em usar essa admiração como régua para medir seu valor.
Quando olhamos para fora o tempo todo, esquecemos de olhar para dentro. E a verdade é que toda comparação é injusta, porque você está comparando o seu bastidor com o palco dos outros.
A psicóloga Brené Brown, em seu livro A coragem de ser imperfeito, diz que a comparação nos isola e nos faz sentir constantemente em dívida com uma perfeição que não existe. “A comparação é o ladrão da alegria. Ela nos tira a gratidão pelo que temos e quem somos”, afirma.
Reconhecer isso é o primeiro passo para se libertar. Você não precisa ser mais parecida com ninguém. Você precisa ser mais conectada com quem você já é.
2. Fortaleça seu autorelacionamento
Não é possível criar relações seguras se a relação que você tem com você mesma é frágil. A insegurança externa reflete, muitas vezes, uma insegurança interna.
Desenvolver o autorelacionamento é aprender a cuidar de si com gentileza, escutar sua intuição, validar seus sentimentos e construir uma autoestima que não dependa da validação alheia.
A psicanalista Melanie Klein já dizia que a forma como nos relacionamos com os outros está diretamente ligada à forma como internalizamos as relações iniciais, sobretudo com as figuras cuidadoras. Quando essas relações foram marcadas por negligência emocional, críticas constantes ou falta de reconhecimento, tendemos a buscar nos outros aquilo que não recebemos.
Mas é possível ressignificar isso. E o caminho não é se cobrar perfeição, mas acolher suas fragilidades com responsabilidade afetiva. Isso é se amar de verdade.
3. Estabeleça limites claros (e mantenha!)
Pessoas inseguras muitas vezes têm medo de impor limites por receio de serem rejeitadas. Mas a ausência de limites nos leva a um lugar perigoso: a anulação de si mesma.
Quando dizemos “sim” querendo dizer “não”, estamos ensinando ao outro que nossos limites são flexíveis — ou piores: que eles não existem. E isso alimenta relações abusivas, codependentes ou simplesmente desequilibradas.
A psicóloga e pesquisadora Nedra Glover Tawwab, autora do livro Set Boundaries, Find Peace (2021), afirma: “Limites não são muros. São pontes que ajudam as pessoas a entender como se conectar conosco de forma saudável.”
Estabelecer e manter limites é um ato de coragem. E também um ato de amor — não só pelos outros, mas por você mesma.
4. Cuidado com o excesso de controle
O controle muitas vezes é uma resposta disfarçada ao medo. Quando estamos inseguras, tentamos prever, dominar, antecipar tudo — como se isso nos impedisse de sofrer.
Mas o controle é ilusório. E em vez de nos proteger, ele nos isola. Relações saudáveis se constroem com base na confiança, não no controle.
A terapeuta sistêmica Esther Perel, referência em sexualidade e relacionamentos, afirma que o excesso de controle pode sufocar o desejo e a vitalidade de uma relação. “O amor precisa de segurança, mas também de liberdade. E o excesso de controle mata a liberdade que alimenta o amor”, diz ela em seu livro Casos e Casos.
Confiar não é ser ingênua. É escolher não viver em constante estado de alerta. E isso exige coragem e presença.
5. Busque acolhimento, não aprovação
Muita gente insegura vive em busca da aprovação dos outros. Querem ser aceitas, reconhecidas, validadas o tempo todo. Mas essa busca nunca tem fim — porque ela é externa, e por isso mesmo, incontrolável.
O que precisamos, na verdade, é de acolhimento. Acolhimento é aquele espaço seguro onde podemos existir sem máscaras, onde não precisamos performar para sermos queridas.
Carl Rogers, um dos grandes nomes da psicologia humanista, dizia que o maior desejo humano é ser aceito incondicionalmente. E isso começa quando a gente se oferece esse tipo de aceitação.
A aprovação vem e vai. Mas o acolhimento, quando verdadeiro, permanece. Cultive relações em que você possa ser quem é — inclusive nas suas inseguranças.
Insegurança não é fraqueza. É um convite.
Ela nos mostra onde ainda precisamos curar. Onde ainda sentimos medo. Onde ainda buscamos nos encaixar para não perder o amor do outro.
Mas quando acolhemos essa insegurança com consciência, ela vira bússola. Ela nos aponta para dentro, para a construção de um eu mais inteiro, mais firme, mais capaz de se sustentar mesmo quando tudo balança.
E é assim que nascem relações verdadeiramente seguras: não da perfeição, mas da presença.
Para refletir:
“Amor-próprio não é se colocar acima de todos.
É se colocar ao lado de quem você realmente é.”
— Desconhecido
Referências:
Brown, Brené. A coragem de ser imperfeito. Sextante, 2016.
Tawwab, Nedra Glover. Set Boundaries, Find Peace. TarcherPerigee, 2021.
Klein, Melanie. Inveja e gratidão e outros trabalhos. Imago, 1991.
Perel, Esther. Casos e Casos. Objetiva, 2018.
Rogers, Carl. Tornar-se Pessoa. Martins Fontes, 2009.
